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A Psicologia do Caos: Por Que o Pior Cenário Sempre Parece Mais Real?

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Tragédia vende jornal.”


A frase dita na série Tremenbé (Amazon Prime) é mais do que um comentário sobre mídia: é um espelho incômodo sobre como funcionamos emocionalmente.


Somos atraídos por acidentes, crimes, escândalos e por qualquer narrativa que provoque susto, choque ou indignação. E isso não acontece apenas quando consumimos notícias — acontece também dentro de nós.


O fascínio pelo proibido


Nosso cérebro foi moldado para detectar ameaças. O que é perigoso se destaca.

Por isso, o proibido excita, o desvio intriga e o que é “errado” parece mais vivo que o cotidiano. Daí o sucesso de histórias de vilões, do true crime e do charme estranho de personagens transgressores.


Existe uma adrenalina silenciosa em tudo que foge da norma.


O drama como estratégia de significado


No cotidiano, repetimos essa lógica sem perceber:

  • exageramos pequenas dificuldades,

  • transformamos obstáculos em epopeias,

  • criamos microtragédias para sentir que estamos vivendo “algo grande”.


É uma maneira de nos tornarmos mais interessantes — para os outros e para nós mesmos.

Queremos ser lembrados, notados, ouvidos. E nada captura atenção tão rápido quanto um drama.


Catastrofismo: quando a tragédia vira hábito mental


Mas não é só narrativa externa.

Muitas vezes, o drama acontece antes da história existir.


Chamamos isso de catastrofismo: a tendência de simular mentalmente o pior cenário possível — mesmo sem evidências.

É como produzir, dirigir e assistir ao próprio filme de terror interno.


E o corpo acredita.

Ele reage como se tudo fosse real:

  • acelera o coração,

  • libera cortisol,

  • gera ansiedade e tensão,

  • desgasta antes mesmo que algo aconteça.


Vivemos ameaças imaginárias com a mesma intensidade que viveríamos ameaças reais.


O problema?

Quase nenhum desses cenários se concretiza.

Mas o desgaste fica.


O custo emocional de viver em modo tragédia


Quando nos habituamos ao drama — interno ou externo — criamos um ciclo que nos consome:

  • tornamo-nos dependentes da intensidade,

  • perdemos a capacidade de tolerar o tédio,

  • alimentamos conflitos imaginários,

  • deixamos a vida real parecer “pouca”.


E o que é calmo, estável e simples passa a ser visto como insignificante — quando na verdade é ali que mora o bem-estar.


A psicoterapia como antídoto


Na terapia, aprendemos a reconhecer esse padrão:

  • quando estamos exagerando a narrativa,

  • quando estamos ensaiando tragédias internas,

  • quando estamos seduzidos pela adrenalina do caos.


É um espaço para compreender por que o pior caso nos atrai e por que o silêncio às vezes assusta mais do que o problema.


A psicoterapia ajuda a desmontar o hábito da catástrofe e a reencontrar significado sem depender do drama.


Porque, ao contrário do que o algoritmo — e nossos medos — insistem em dizer, a vida não precisa ser trágica para ser intensa, nem precisa ser caótica para ser verdadeira.


Às vezes, o que transforma é justamente o oposto:

Constância, calma e escolhas conscientes.



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