Adultecer: entre liberdade e responsabilidades
- Pedro Gatti Lima
- 22 de set.
- 2 min de leitura

Adultecer é atravessar uma fase em que a vida começa a exigir novos posicionamentos. Entre os 19 e 25 anos, surgem responsabilidades que antes estavam distantes: cuidar da própria rotina, organizar o futuro e sustentar escolhas que terão impacto real. É um momento de liberdade, mas também de peso.
De repente, percebemos que não há mais alguém para resolver tudo por nós. Contas, decisões acadêmicas ou profissionais, imprevistos da vida prática: tudo passa a depender da nossa iniciativa. Essa percepção, por vezes, vem acompanhada de ansiedade e de uma sensação de despreparo, mas faz parte do processo de amadurecimento.
Até pouco tempo atrás, era possível passar tardes inteiras no videogame, no celular ou em outras distrações sem grandes consequências. Hoje, é necessário equilibrar lazer e responsabilidade. O desafio está em manter os espaços de leveza sem que eles se tornem fuga da realidade.
Essa transição pode ser ainda mais intensa para quem vive fora do país. O intercâmbio ou a mudança para outra cultura trazem experiências enriquecedoras, mas também ampliam o senso de responsabilidade. Resolver burocracias em outro idioma, lidar com a distância da família e adaptar-se a novos costumes tornam o adultecer um exercício ainda mais exigente.
O contato com a vida adulta revela também fragilidades: solidão, insegurança, pressão por resultados, conflitos nos relacionamentos, dificuldades financeiras. Essas experiências, que antes alguém amortecia, agora recaem diretamente sobre quem está aprendendo a se sustentar no mundo.
Adultecer, porém, não significa perder totalmente a leveza da juventude. Trata-se de integrar responsabilidades sem abrir mão de sonhos, de cultivar autonomia sem sufocar o desejo de experimentar, de aprender a equilibrar o peso das obrigações com o prazer das escolhas pessoais.
Nesse percurso, a psicoterapia pode ser um apoio fundamental. O espaço terapêutico ajuda a elaborar mudanças, a lidar com a ansiedade desse tempo de transição e a transformar inseguranças em caminhos de crescimento. Mais do que resolver problemas, a terapia convida a reconhecer forças e a construir um modo de vida mais consciente.
Adultecer é, no fundo, aceitar que crescemos — e que isso pode ser tão desafiador quanto libertador. Buscar ajuda nesse momento é sinal de maturidade, porque ninguém precisa enfrentar sozinho o processo de se tornar adulto.








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