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Adolescência: uma travessia para filhos e pais

Atualizado: 6 de set.


adolescencia

Se você é pai ou mãe de um adolescente, provavelmente já se perguntou onde foi parar aquela criança que buscava sua companhia para tudo. De repente, a porta do quarto se fecha com mais frequência, as respostas ficam curtas e os “não quero” e “deixa comigo” se multiplicam. É um movimento natural, ainda que difícil de lidar: seu filho ou filha está tentando encontrar a própria voz no mundo.


Esse processo começa muito antes. Quem já conviveu com uma criança de dois anos sabe bem: o famoso “não!” é mais do que birra — é um exercício de afirmação, um treino para construir um centro interior de vontade. Essas pequenas colisões com o ambiente ajudam a criança a se diferenciar e a se perceber como alguém separado dos pais.


Na adolescência, esse impulso se intensifica. O jovem busca se afastar das referências familiares para experimentar outras formas de ser: testa roupas, opiniões, amizades, valores. É como se perguntasse silenciosamente: “quem sou eu, além do que esperam de mim?”


Essa busca passa também pela descoberta da sexualidade e da identidade. Para muitos pais, pode ser desafiador acompanhar os filhos falando de vivências e possibilidades que simplesmente não existiam quando eram jovens. Hoje, os adolescentes têm acesso a linguagens e expressões que vão além do conceito tradicional de homem e mulher. Isso não significa que algo esteja “errado”, mas que estão tentando encontrar formas autênticas de viver quem são.


Outro movimento frequente é a procura por diagnósticos. TDAH, TEA, TOC, ansiedade… às vezes, a avaliação clínica é essencial e pode abrir caminhos de cuidado. Mas em outras situações, o rótulo acaba funcionando como uma tentativa de reduzir a angústia dos pais diante do desconhecido. O risco é esquecer que, antes de qualquer sigla, existe uma pessoa única, em pleno crescimento. Muitas vezes, o que aparece como sintoma é também um reflexo da dificuldade de lidar com tantas mudanças internas e externas.


Tudo isso acontece em um contexto muito diferente daquele em que os pais cresceram. As redes sociais ampliam comparações, criam padrões irreais e colocam os jovens sob uma pressão constante de performance e imagem. Eles parecem sempre conectados, mas podem se sentir profundamente sozinhos.


Nesse cenário, o desafio dos pais é encontrar o equilíbrio: estar presente sem invadir, escutar sem julgar, oferecer limites sem sufocar. O adolescente precisa sentir que pode experimentar sua independência, mas que existe um porto seguro ao qual sempre poderá retornar.


Vale lembrar: a adolescência não é apenas uma travessia para os filhos. Também convida os pais a se transformar — abrir mão do controle absoluto, lidar com medos e inseguranças, repensar a forma de estar em relação. Não é raro que esse processo desperte angústias que também merecem cuidado.


A psicoterapia pode ser uma aliada importante — tanto para os adolescentes, que encontram um espaço seguro para elaborar suas experiências, quanto para os pais, que podem se fortalecer para viver essa fase com mais clareza e tranquilidade. Porque, no fim das contas, a adolescência não é uma batalha entre gerações, mas uma travessia compartilhada de crescimento.



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