Síndrome do Impostor e o Peso da Alta Performance
- Pedro Gatti Lima
- 25 de jul.
- 2 min de leitura

Você já teve a sensação de que, mesmo depois de um dia cheio, ainda não fez o suficiente?
Mesmo entregando resultados, cumprindo prazos e ajudando clientes ou alunos, algo dentro de você insiste em dizer que poderia ter feito melhor — ou que, em algum momento, vão perceber que você “não é tudo isso”. Esse sentimento, comum entre profissionais de alta performance, muitas vezes é a síndrome do impostor disfarçada de motivação.
Profissionais como advogados, professores, executivos de marketing, analistas financeiros e empreendedores costumam viver sob uma carga constante de expectativas. De fora, são vistos como competentes e bem-sucedidos. Por dentro, muitos enfrentam dúvidas persistentes sobre seu valor e convivem com o medo de serem desmascarados como uma fraude. A exigência para sempre entregar mais, manter-se disponível e produzir resultados torna-se uma prisão invisível, que gera um cansaço profundo — físico e emocional.
O problema não está apenas no excesso de trabalho, mas na cultura da performance constante, que faz do descanso quase um tabu. Tirar férias vira luxo. Desligar o celular por algumas horas provoca ansiedade. A pausa, em vez de ser um direito, passa a ser vista como ameaça — como se parar por um instante fosse suficiente para perder tudo.
Esse modo de vida impacta diretamente a saúde mental. Ansiedade, insônia, dificuldades de concentração e até sintomas depressivos podem surgir de forma silenciosa. E, paradoxalmente, mesmo diante desses sinais, muitas pessoas seguem se cobrando por não estarem “dando conta”. A culpa aparece, reforçando o ciclo de exaustão e autossabotagem.
Romper com esse padrão exige mais do que força de vontade. É preciso reconhecer que existe um custo emocional elevado por trás de um desempenho mantido à base de esforço extremo e autonegação. Reaprender a se relacionar com o tempo, com o trabalho e com a própria história é parte do processo de reconstrução de um equilíbrio mais sustentável.
Exercícios físicos regulares ajudam a liberar tensões acumuladas e a regular o sistema nervoso. Hobbies e práticas criativas, que não têm como objetivo gerar lucro ou resultado, permitem resgatar o prazer de simplesmente estar. A meditação e o mindfulness abrem espaço para escuta e presença. E a psicoterapia, acima de tudo, oferece um lugar seguro para investigar crenças limitantes, elaborar experiências antigas e construir um novo olhar sobre si mesmo.
A proposta não é abandonar metas ou negar a importância das realizações — mas encontrar um ritmo de vida onde valor e produtividade não sejam sinônimos. Onde o descanso não precise ser justificado. Onde você possa se sentir suficiente, mesmo sem estar o tempo todo se provando.
Se esse texto ressoou em você, talvez seja o momento de olhar com mais cuidado para o que está por trás das suas exigências. Você não precisa carregar tudo sozinho — e a psicoterapia pode ser um espaço poderoso para recomeçar.
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