Repressão ou reconhecimento? Como escolher viver com mais liberdade emocional
- Pedro Gatti Lima
- 9 de ago.
- 2 min de leitura

Quantas vezes você já engoliu uma resposta, guardou um choro ou deixou de dizer algo importante porque “não era o momento”? Talvez tenha chamado isso de “ser forte” ou “ser maduro”. Mas, no fundo, era só mais um capítulo da velha história da auto-repressão — aquela escolha silenciosa de esconder partes de si para caber no mundo.
Auto-repressão não é autocontrole. O autocontrole nasce da consciência; a auto-repressão nasce do medo. É quando você se cala não porque quer, mas porque teme o peso da própria voz. É como colocar um filtro em si mesmo antes que o outro possa fazê-lo.
Viver assim cansa. A cada emoção não expressa, a cada vontade deixada de lado, vamos acumulando uma bagagem invisível. Um dia, o corpo fala: no cansaço, na ansiedade, no vazio que não sabemos explicar. E, de repente, nos perguntamos de onde veio tudo aquilo.
O caminho oposto — e mais corajoso — é o auto-reconhecimento. É parar para ouvir o que se passa dentro, mesmo que não seja bonito ou fácil. É admitir que existe raiva, medo, desejo, vulnerabilidade… e que tudo isso também é você. Não para agir por impulso, mas para escolher com mais clareza como viver.
Ao se reconhecer, você não perde controle — você ganha liberdade. Liberdade de não precisar agradar o tempo todo, de não carregar máscaras pesadas, de dizer “sim” e “não” de um jeito que faça sentido para você.
Reconhecer-se, no entanto, exige coragem. É abrir a porta para partes que você aprendeu a esconder desde cedo. É lidar com o olhar dos outros quando decide mostrar quem é de verdade. E, nesse momento, surge a pergunta: o que dói mais — viver uma vida que não é sua ou se mostrar e correr o risco de não ser aceito?
Talvez seja preciso começar pequeno: dizer a verdade sobre o que gosta, admitir quando algo incomoda, permitir-se sentir tristeza sem pedir desculpas. A psicoterapia pode ser uma aliada poderosa nesse processo, ajudando a desmontar, pouco a pouco, o muro da auto-repressão. É no espaço seguro e sem julgamentos da terapia que muitas pessoas encontram, pela primeira vez, a liberdade de se reconhecer plenamente.
E agora eu te pergunto: no seu dia a dia, você vive mais no modo auto-repressão ou auto-reconhecimento? Quantas das suas escolhas são realmente suas — e quantas existem apenas para sustentar uma imagem que nem você acredita mais?
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