Mais que um rótulo: entendendo suas emoções de verdade
- Pedro Gatti Lima
- há 2 dias
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Há uma tendência crescente de transformar qualquer desconforto emocional em diagnóstico. Com tanta informação circulando nas redes, começamos a acreditar que cada dificuldade tem um nome clínico — como se sentir ansiedade, falta de foco ou irritação fosse sempre um transtorno. Mas a experiência humana não se resume a categorias.
Quando algo nos incomoda, é natural buscar uma explicação. Um rótulo pode trazer alívio imediato, a sensação de que finalmente entendemos o que está acontecendo. Porém, ao nos autodiagnosticar, corremos o risco de confundir movimentos legítimos da vida com patologias. E, sem perceber, começamos a viver como se aquele rótulo fosse uma verdade absoluta e permanente.
É comum ouvir “acho que tenho TOC”, “deve ser TDAH”, “estou em hiperfoco”, “sou muito ansioso” apenas porque alguém se identificou com um vídeo nas redes. Só que identificação não é diagnóstico. E reduzir-se a um termo encontrado online pode nos afastar da compreensão real do que está acontecendo dentro de nós.
Há, também, um ponto essencial: pessoas que realmente convivem com esses diagnósticos enfrentam desafios profundos, muitas vezes invisíveis, que não cabem em tendências da internet. Quando banalizamos termos clínicos para descrever dificuldades cotidianas, acabamos diminuindo — ainda que sem intenção — a dor e o esforço dessas pessoas. Transformar sofrimento sério em gíria ou moda é desrespeitoso com quem luta diariamente para se cuidar.
Somos seres complexos. Às vezes estamos apenas cansados, sobrecarregados, vivendo transições, enfrentando conflitos ou revisitando dores antigas. Isso não é falha, nem sinal automático de transtorno. É parte da vida — e muitas vezes é só um momento pedindo atenção e cuidado. Antes de buscar um nome, vale se perguntar: o que essa experiência está tentando me revelar?
Isso não significa desconsiderar o sofrimento real. Diagnósticos existem e são importantes. Acompanhamentos fazem diferença. Mas distinguir o que é humano do que é clínico exige escuta, contexto e orientação profissional. É na relação terapêutica que ganhamos clareza — não em vídeos curtos ou listas de autoverificação.
Se você se identificou com algum conteúdo ou ficou em dúvida sobre sintomas, buscar orientação é um gesto de maturidade. Estou disponível para conversar, esclarecer e ajudar a organizar o que você está vivendo. Às vezes uma conversa já ilumina muito. Outras vezes, ela abre caminho para um processo psicoterapêutico que amplia a compreensão.
Entrar em psicoterapia não significa que “há algo errado” — significa que você está disposto a olhar para si com mais honestidade, cuidado e profundidade. É um espaço para existir com nuances, sem rótulos, e com liberdade para ser quem você realmente é.
No fim, não precisamos de diagnósticos para justificar o que sentimos. Precisamos de presença, cuidado e um espaço seguro onde possamos nos reconhecer de verdade.








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